———————————————————
Mário Cláudio
Fernando Pessoa Prize in 2004
One of the most important Portuguese authors
of the last two decades.
———————————————————
Photography by: CINDA MIRANDA (www.cindamiranda.com) Vienna
Guests: MÁRIO CLÁUDIO - Porto * Interview by: LUIZ CARVALHO - Lisbon *
Translation by: RITA BARROS - New York
Where were you born, when and where do you live?
I was born November 6, 1941, in Oporto where I actually live.
How did your childhood influence what
you chose as your area of studies?
I believe that all fiction writers have
a great childhood where all experiences are constantly denied. Mine was defined
by a rigorous education, from the nineteenth century, centered on the early
principles of education, which in the meantime became obsolete. For a long time
I fantasized my childhood as an edenic landscape but I recognize now that the
shadow of panic was always present.
When did you decide to go ahead with your vocation?
From very early on, but I was aware of it when I was fourteen years old.
Who influenced you on your vocation?
My parents, some friends, and many authors before me to whom I owe the best of my schooling.
Is your work more based on work or on intuition?
On both, but for sure, more on the tiredness of men than on the gift of the gods.
How do you define your work?
I hope the coherence - which I claim - does not harm what distinguishes a real work, the absolute impossibility of defining it.
What did you bring new to your field?
Only those who read me can answer your
question, and only if that’s the case.
Is Portugal a good place for your work?
The only one, and even when far away,
because it is the privileged territory of the heart.
How does your private and professional
life converge?
They
don’t converge, they are one single life.
Onde nasceu, quando e onde vive?
Nasci no
Porto aos 6 de Novembro de 1941, e vivo actualmente na mesma cidade.
A infância influência de que forma o que escolheu como área de formação?
Creio que a
todos os ficcionistas assiste uma grande infância, receptáculo de experiências
constantemente declinadas. A minha foi marcada por uma educação rigorosa,
oitocentista ainda nos princípios básicos da cartilha que a orientou, e que
hoje se nos afigura completamente obsoleta. Durante muito tempo fantasiei a
meninice que me coube como uma paisagem edénica, mas reconheço hoje que nela a
sombra do pânico esteve sempre presente.
Quando decidiu seguir em frente para a sua vocação?
Desde muito
cedo, mas com maior consciência a partir dos meus catorze anos.
Quem o influenciou na sua vocação?
Meus pais,
uns quantos amigos, e muitos autores que me precederam, e a quem devo o melhor
da minha formação.
O seu sucesso é mais assente no trabalho ou na intuição ?
Em ambos os
pilares, mas por certo bem mais na canseira do homem do que na dádiva dos
deuses.
Como define a sua obra?
Espero que a
coerência que reivindico não prejudique aquilo que distingue uma obra a sério,
a absoluta impossibilidade de a definir.
Que contributos novos deu para o que faz na sua área?
Só quem me lê
poderá responder à pergunta, e apenas se for caso disso.
Portugal é bom terreno para o seu trabalho?
O único, e
ainda quando distante, por ser ao fim de contas território privilegiado do
coração.
Como olha para o futuro em termos profissionais?
Como continuidade
do presente.
Como converge vida privada e vida profissional?
Não
convergem, constituem um vida só.